Difícil voltar a escrever no auge da ressaca após o verdadeiro massacre imposto pela seleção alemã ao cambaleante
futebol brasileiro. Muito já se disse, especulou, reclamou, etc. de modo que prefiro mudar o foco, direcionando para outros fatos que marcaram esta sensacional Copa do Mundo.
Inegável que daqui a alguns anos,
quando formos falar desta Copa de 2014, esta fatídica goleada certamente será
lembrada. Um resultado de 7 x 1 na semifinal contra um time com mais títulos nos
mundiais jogando em casa é definitivamente um fato para entrar para história.
Teremos que conviver com isso.
Mas outros
fatos também marcaram esta Copa: a estreia da então campeã amargando outro resultado
humilhante, a alta média de gols, os excelentes jogos, as festas nos estádios, a
sensação da equipe da Costa Rica e...a mordida do uruguaio Luiz Suarez no
italiano Chiellini.
De fato, não há como passar despercebido
por este fato. Não dá para entender o que leva um jogador que
tinha sido decisivo no jogo anterior ao marcar dois gols a morder, de forma deliberada, seu colega de trabalho. E o pior, um jogador que, tal como Heleno ou Almir Pernambuquinho, tem se destacado na carreira tanto
pela bola que joga, como pelas atitudes completamente destemperadas.
Um cantor e humorista inglês não
perdeu tempo e em poucos dias compôs uma canção com uma bela melodia narrando este
fato: “Hey Luiz, don’t bite me”. Uma Ode a Luiz Suarez em que o autor sugere
uma ajuda de psicólogos ao jogador que “tem
diamantes nos pés e lobos nos olhos”. Vale a pena conferir o vídeo desta
canção, com ilustrações de Dave Anderson.
Não foi a primeira vez que um
episódio marcante de uma Copa recebe uma canção específica. Na Argentina, o
música Rodrigo Bueno (conhecido como “El Potro”) homenageou o ídolo Maradona em
uma canção que faz referência à “la mano de Dios”, que foi a forma como ficou
conhecido o gol que o Maradona fez com a mão contra a Inglaterra na Copa do
Mundo de 1986. No mesmo jogo, Maradona fez outro gol que para muitos (inclusive para mim) foi o mais bonito da história das Copas, em um lance em que driblou
praticamente meio time adversário antes de completar para o gol. O vídeo abaixo
mostra a música com uma série de lances e gols deste que foi, para a minha
geração (que não viu Pelé jogar), o maior jogador da história do futebol.
Essa canção entrou no repertório
de um documentário sobre o Maradona feito pelo cineasta Emir Kusturika.
Ao contrário de tantos outros filmes do gênero que focam a carreira e os gols
de jogadores, neste o olhar se dá sobre a história do ser humano, com suas
belezas e mazelas. Nesse vídeo aparece essa canção cantada pelo próprio
Maradona, passagem esta que faz parte deste filme documentário.
O filme ainda mostra passagens
sensacionais sobre a igreja maradoniana, criada pelos seus fãs na Argentina,
com seus rituais que incrivelmente são levados a sério.
28 anos após “La Mano de Dios” ter
ajudado a Argentina a conquistar o seu segundo título mundial e consagrada
Maradona, as esperanças dos nossos “Hermanos” para esta Copa residem,
fundamentalmente, nos pés geniais de Lionel Messi (La Pulga), tantas vezes
eleito melhor do mundo, mas que ainda ocupa um patamar abaixo de Maradona em seu
país por não ter levado a Argentina a um título mundial.
Para chegar à 5ª final na
história das Copas, em tempos de Papa argentino, a sua seleção dependeu de
outras mãos: a do Romero, fundamental ao defender dois pênaltis e levar a sua
seleção à sua 5ª. final de Copa do Mundo. Resta saber agora se contra o forte
time alemão, além das mãos de seu goleiro e da reza do Papa, os pés de Lionel
Messi conseguirão fazer a diferença e
levar o título. Quem sabe nossos vizinhos possam celebrar cantando “La Mano de Dios”.
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