quarta-feira, 21 de maio de 2014

Colômbia: do tango à tragédia!


Resolvi iniciar a série relacionada às seleções que se classificaram para a Copa do Mundo com a Colômbia, que terei a oportunidade de assistir ao vivo dia 19 em Brasília contra Costa do Marfim.
Certamente será impossível ver a seleção colombiana atual e não lembrar daquela que teve nos anos 90 o seu auge.  Dizia Francisco Maturama,  seu técnico naquela época, que “futebol é música. É uma questão de suingue. Vi treinadores que no momento de recrutar jovens, em primeiro lugar pediam-lhes para dançar. Eles pensavam que aqueles que dançassem melhor exprimiriam maior habilidade, e acho que tinham razão”. [1]
Esse espirito do técnico tinha, de fato, reflexo naquela seleção que efetivamente jogava por música e alcançou o auge em setembro de 1993 nas eliminatórias, quando em uma atuação magnifica, coroou sua participação ao golear a Argentina em pleno Monumental de Nunez (estádio do River Plate em Buenos Aires), carimbando seu passaporte e empurrando o adversário à repescagem. Foi um verdadeiro espetáculo colombiano na terra do Tango. Apesar da imagem não estar boa, vale a pena conferir os gols daquele jogo com a empolgação do narrador colombiano - que não acreditava no via - alternando com a total perplexidade do narrador argentino:
A animação com tal feito foi tanta que nas comemorações na Colômbia morreram 70 pessoas e mais de 1.500 ficaram feridas. Sem que ninguém percebesse, talvez esta tragédia tenha sido um presságio do que viria a acontecer meses depois.  
Respaldada pela excelente eliminatória e contando com a sua melhor geração de jogadores, com Asprilla, Rincón, Valderrama, Valência, Córdoba, a seleção colombiana chegou à Copa com pinta de grande surpresa. Mais do que isso, Pelé, por exemplo, chegou a apostar que seria campeã.   
Entretanto, na Copa, em um grupo que se mostrou bastante equilibrado, acabaram eliminados ainda na primeira fase após derrotas para a boa seleção da Romênia (outra que chegou com uma de suas melhores gerações na história) e EUA. A vitória na última rodada frente à Suíça não a salvou da eliminação precoce.
Para piorar, dias após retornar para Colômbia, Escobar, o zagueiro que por uma imensa infelicidade tinha feito gol contra no jogo contra os EUA, acabou assassinado, muito provavelmente a mando de algum apostador que tinha perdido muito com a derrota da sua seleção (apesar de terem capturado o assassino, ele não esclareceu as causas).
Ou seja, em questão de meses, aquela seleção que marcou época foi da consagração na terra do tango para a tragédia total.
Pensando nisso,  assim que a Colômbia garantiu a volta  à Copa do Mundo, fizeram uma campanha no mínimo curiosa no país vizinho, pedindo ao Pelé  - pé frio famoso - que, dessa vez, não aposte na Colômbia. Vale a pena conferir:

E esperar que essa nova geração da Colômbia consiga confirmar a previsão do seu famoso técnico, estreitando a relação entre futebol e música no que há de melhor nisso tudo.

[1] FRANCO JÚNIOR, Hilário. in A Dança dos Deuse - Futebol, Sociedade, Cultura, p. 225, 2007.

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