Resolvi iniciar a série relacionada às seleções que se
classificaram para a Copa do Mundo com a Colômbia, que terei a
oportunidade de assistir ao vivo dia 19 em Brasília contra Costa do Marfim.
Certamente será impossível ver a seleção colombiana atual e
não lembrar daquela que teve nos anos 90 o seu auge. Dizia Francisco Maturama, seu técnico naquela época, que “futebol é música. É uma questão de suingue.
Vi treinadores que no momento de recrutar jovens, em primeiro lugar pediam-lhes
para dançar. Eles pensavam que aqueles que dançassem melhor exprimiriam maior
habilidade, e acho que tinham razão”. [1]
Esse espirito do técnico tinha, de fato, reflexo naquela
seleção que efetivamente jogava por música e alcançou o auge em setembro de 1993
nas eliminatórias, quando em uma atuação magnifica, coroou sua participação ao
golear a Argentina em pleno Monumental de Nunez (estádio do River Plate em
Buenos Aires), carimbando seu passaporte e empurrando o adversário à repescagem. Foi um verdadeiro espetáculo colombiano na terra do Tango. Apesar
da imagem não estar boa, vale a pena conferir os gols daquele jogo com a
empolgação do narrador colombiano - que não acreditava no via - alternando com a
total perplexidade do narrador argentino:
A animação com tal feito foi tanta que nas comemorações na
Colômbia morreram 70 pessoas e mais de 1.500 ficaram feridas. Sem que ninguém
percebesse, talvez esta tragédia tenha sido um presságio do que viria a
acontecer meses depois.
Respaldada pela excelente eliminatória e contando com a sua
melhor geração de jogadores, com Asprilla, Rincón, Valderrama, Valência,
Córdoba, a seleção colombiana chegou à Copa com pinta de grande surpresa. Mais do que isso, Pelé,
por exemplo, chegou a apostar que seria campeã.
Entretanto, na Copa, em um grupo que se mostrou bastante equilibrado,
acabaram eliminados ainda na primeira fase após derrotas para a boa seleção da
Romênia (outra que chegou com uma de suas melhores gerações na história) e EUA. A vitória na última rodada frente à Suíça não a salvou da eliminação
precoce.
Para piorar, dias após retornar para Colômbia, Escobar, o
zagueiro que por uma imensa infelicidade tinha feito gol contra no jogo contra
os EUA, acabou assassinado, muito provavelmente a mando de algum apostador que
tinha perdido muito com a derrota da sua seleção (apesar de terem capturado o
assassino, ele não esclareceu as causas).
Ou seja, em questão de meses, aquela seleção que marcou
época foi da consagração na terra do tango para a tragédia total.
Pensando nisso, assim
que a Colômbia garantiu a volta à Copa
do Mundo, fizeram uma campanha no mínimo curiosa no país vizinho, pedindo ao
Pelé - pé frio famoso - que, dessa vez,
não aposte na Colômbia. Vale a pena conferir:
E esperar que essa nova geração da Colômbia consiga confirmar
a previsão do seu famoso técnico, estreitando a relação entre futebol e música
no que há de melhor nisso tudo.
[1] FRANCO JÚNIOR, Hilário. in A Dança dos Deuse - Futebol, Sociedade, Cultura, p. 225, 2007.
o vídeo do pelé é demais!!
ResponderExcluirmuito bom!