No final de semana entre os dias
14 e 15 de junho de 2014, tive uma experiência memorável. Pela primeira vez participei
de uma transmissão de um jogo para rádio. Oportunidade única proporcionada pela
rede Band News Fluminense, que em conjunto com a Bradesco FM, está transmitindo
todos os jogos da Copa do Mundo para as rádios.
O primeiro jogo que participei
como comentarista convidado foi Colômbia x Grécia. Confronto que opôs duas
escolas distintas: por um lado, uma seleção sulamericana criativa com destaques
individuais (ainda que sem Falcao Garcia, seu principal craque).
Do outro lado, um time que embora
conte com jogadores como Samaras, meia do Celtic responsável pelas principais
ações ofensivas do time helênico, tem como principal característica a
disciplina tática baseada no forte sistema defensivo. Um dos destaques é
Sokratis Papatathospoulos, zagueiro do Borussia Dortmund. Com bom
posicionamento no lado esquerdo da zaga, acaba sendo responsável pelas saídas
de jogo do limitado time grego.
Pelo lado da Colômbia, fiquei
impressionado pela boa movimentação do meia Cuadrado, que joga uma bola redonda
e participa intensamente do jogo, além da categoria de James Rodrigues. Por
fim, diante do futebol apresentado, lamentei apenas a ausência de Falcao
Garcia. Além de ser o jogador de maior destaque, teríamos presenciado um
curioso confronto entre Sokratis e Falcao em uma Copa disputada no Brasil. Simbolicamente,
um duelo desses seria uma bela “homenagem” àquele esquadrão brasileiro que
encantou o mundo em 1982.
Para a minha geração, aquela
seleção treinada por Telê Santana foi a que mais aproximou o futebol do
espetáculo. Esbanjando categoria, toques refinados, e muita movimentação, o
time de Sócrates, Falcão, Zico e Cerezo deu verdadeira aula de futebol que, de
quebra, serviram para mostrar que na vida, mais importante não é o fim, mas sim
o caminho. A partir daquela Copa, passei a entender que conquista do título não
era o único objetivo, mas apenas a coroação de um time que deixou ótimas
recordações não apenas para os brasileiros, mas para todos os amantes do
futebol-arte.
A excelente impressão que a
seleção brasileira deixou naquela Copa não é papo de saudosista. Na edição da
revista Placar de 16 de julho de 1982 (logo após o término da Copa vencida pela
Itália), a coluna do Alberto Helena Jr já abordava isso no calor dos
acontecimentos: “foi o Brasil que deu
cores, alegria e que abriu perspectivas para o ressurgimento do futebol
elegante, ofensivo, inventivo, velho-novo, enfim.” Depois, conclui a coluna
dizendo que a TV Espanhola, durante a transmissão do jogo da semifinal entre
Polônia e Itália, suspirou pela ausência do nosso time: “o único capaz de conferir ao futebol que hoje se joga no mundo aquele
toque especial de classe e eficiência, combinadas ao nível quase do ideal”.
As demais colunas e reportagens
refletiam esse mesmo espírito.
Tal como a Hungria em 1954 e a
Holanda em 1974, aquela seleção marcou a história do futebol e passou a ser
celebrada e comentada mesmo sem ter sido campeã. Vale a pena conferir o vídeo
com os 15 gols brasileiros que marcaram a campanha com a narração do Falcão, o
brasileiro, protagonista daquele espetáculo.
Diante de tal quadro, é
plenamente compreensível que o craque ausente da Colômbia atual tenha esse nome
justamente como homenagem ao craque Falcão daquela seleção, como comprova em
depoimento Radamel Garcia, o pai de Falcao Garcia: “Em 1982, durante a Copa da Itália, eu fiz
uma promessa de que se tivesse um filho homem, ele se chamaria Falcao. Fiquei
encantando com o futebol dele".
Pelo jeito, a inspiração deu resultado não só para este jogador, mas para o time
inteiro da Colômbia que vem jogando muito bem nessa Copa.
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