Gabelo Conejo, na Copa do Mundo de 1990.
A Copa do Mundo de 1990,
disputada na Itália, entrou para a história como aquela com menor média de gols
na história, com apenas 2,21 gols por partida. Em um torneio com essa marca,
naturalmente alguns dos destaques fossem goleiros, como simbolicamente ocorreu
com a Costa Rica.
Disputando sua primeira Copa, o
time da América Central surpreendeu a todos ao conseguir ficar em 2º. lugar em
seu grupo, vencendo as tradicionais Escócia e Suécia (perdeu apenas para o
Brasil por 1 x 0). Um feito muito
comemorado nas ruas de San José e demais cidades costarriquenses que nem a
eliminação pela Tchecoslováquia nas oitavas-de-final apagou.
Naquela Copa do Mundo, é comum
que muitos se lembrem das atuações de Walter Zenga, goleiro italiano que ficou 517
minutos sem tomar gols, estabelecendo um recorde que permanece até hoje.
Entretanto, para a revista France
Football, o melhor goleiro naquela oportunidade foi outro: Gabelo Conejo,
da surpreendente Costa Rica, autor de defesas impressionantes contra Escócia,
Brasil e Suécia, jogo em que acabou se machucando e desfalcou o time no
confronto seguinte. Vejam alguns momentos contra a Escócia (https://www.youtube.com/watch?v=ECdVHYcZCHs).
Com aquelas atuações, o goleiro,
que até então jogava no Cartagines, da Costa Rica (todos os jogadores daquela seleção
jogavam no futebol local), foi contratado pelo Albacete da Espanha, onde teve
destaque por três temporadas. Além de ser eleito o melhor da Copa, a France Football elegeu-o ainda um dos
100 melhores jogadores da história das Copas no final dos anos 1990. Sem dúvida
um feito para um arqueiro costarriquenho.
24 anos depois, a Costa Rica chega
a sua 4ª. Copa e tem suas esperanças (ainda que bem reduzidas diante do Grupo da
Morte em que caiu [1]) depositadas novamente nas mãos de um arqueiro: Keylor
Navas. Depois de, coincidentemente, passar pelo Albacete, na última temporada
foi destaque no campeonato espanhol jogando pelo Levante e acabou eleito o
segundo melhor goleiro (atrás apenas do belga Courtois, do Atlético de Madrid).
Caso repita suas atuações, a Costa Rica pode almejar alguma coisa. Segue
algumas defesas do Navas. https://www.youtube.com/watch?v=763EGs3pVDk.
Nada mais natural que os destaques
naquele país sejam goleiros que transmitam tranquilidade e não atacantes.
Trata-se de um país pacífico que goza de uma estabilidade política de fazer
inveja aos seus vizinhos da América Central. Além de ser destaque na área
ambiental atualmente, outro feito daquela pequena nação é o fato de que tenha
extinguido suas forças armadas em 1948 (consolidando na Constituição de 1949),
sendo o primeiro país do mundo a adotar tal medida. Eu descobri isso apenas semana
passada, quando reencontrei o Renato, um velho amigo de infância que está
casado com uma costarriquense, mora naquele país e hoje torce também pela Liga
Alajuelense (conhecido como “La Liga”). Ou seja, de fato é um país que sabe se
defender muito bem, seja no campo político, seja nos gramados do futebol.
Diante da verdadeira pedreira que
tem pela frente ao enfrentar Uruguai, Itália e Inglaterra, certamente precisará
continuar contando com grande goleiro. E os adversários que se cuidem, pois Suécia
e Escócia também não contavam com tropeços em 1990.
[1] Será a primeira vez na
história que uma seleção tem que enfrentar logo na fase de grupos, três
ex-campeãs mundiais: Uruguai, Itália e Inglaterra.
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