domingo, 8 de junho de 2014

Costa Rica e seus guarda-metas


Gabelo Conejo, na Copa do Mundo de 1990.

A Copa do Mundo de 1990, disputada na Itália, entrou para a história como aquela com menor média de gols na história, com apenas 2,21 gols por partida. Em um torneio com essa marca, naturalmente alguns dos destaques fossem goleiros, como simbolicamente ocorreu com a Costa Rica.

Disputando sua primeira Copa, o time da América Central surpreendeu a todos ao conseguir ficar em 2º. lugar em seu grupo, vencendo as tradicionais Escócia e Suécia (perdeu apenas para o Brasil por 1 x 0).  Um feito muito comemorado nas ruas de San José e demais cidades costarriquenses que nem a eliminação pela Tchecoslováquia nas oitavas-de-final apagou.  

Naquela Copa do Mundo, é comum que muitos se lembrem das atuações de Walter Zenga, goleiro italiano que ficou 517 minutos sem tomar gols, estabelecendo um recorde que permanece até hoje. Entretanto, para a revista France Football, o melhor goleiro naquela oportunidade foi outro: Gabelo Conejo, da surpreendente Costa Rica, autor de defesas impressionantes contra Escócia, Brasil e Suécia, jogo em que acabou se machucando e desfalcou o time no confronto seguinte. Vejam alguns momentos contra a Escócia (https://www.youtube.com/watch?v=ECdVHYcZCHs).

Com aquelas atuações, o goleiro, que até então jogava no Cartagines, da Costa Rica (todos os jogadores daquela seleção jogavam no futebol local), foi contratado pelo Albacete da Espanha, onde teve destaque por três temporadas. Além de ser eleito o melhor da Copa, a France Football elegeu-o ainda um dos 100 melhores jogadores da história das Copas no final dos anos 1990. Sem dúvida um feito para um arqueiro costarriquenho.

24 anos depois, a Costa Rica chega a sua 4ª. Copa e tem suas esperanças (ainda que bem reduzidas diante do Grupo da Morte em que caiu [1]) depositadas novamente nas mãos de um arqueiro: Keylor Navas. Depois de, coincidentemente, passar pelo Albacete, na última temporada foi destaque no campeonato espanhol jogando pelo Levante e acabou eleito o segundo melhor goleiro (atrás apenas do belga Courtois, do Atlético de Madrid). Caso repita suas atuações, a Costa Rica pode almejar alguma coisa. Segue algumas defesas do Navas. https://www.youtube.com/watch?v=763EGs3pVDk.

Nada mais natural que os destaques naquele país sejam goleiros que transmitam tranquilidade e não atacantes. Trata-se de um país pacífico que goza de uma estabilidade política de fazer inveja aos seus vizinhos da América Central. Além de ser destaque na área ambiental atualmente, outro feito daquela pequena nação é o fato de que tenha extinguido suas forças armadas em 1948 (consolidando na Constituição de 1949), sendo o primeiro país do mundo a adotar tal medida. Eu descobri isso apenas semana passada, quando reencontrei o Renato, um velho amigo de infância que está casado com uma costarriquense, mora naquele país e hoje torce também pela Liga Alajuelense (conhecido como “La Liga”). Ou seja, de fato é um país que sabe se defender muito bem, seja no campo político, seja nos gramados do futebol.

Diante da verdadeira pedreira que tem pela frente ao enfrentar Uruguai, Itália e Inglaterra, certamente precisará continuar contando com grande goleiro. E os adversários que se cuidem, pois Suécia e Escócia também não contavam com tropeços em 1990.

[1] Será a primeira vez na história que uma seleção tem que enfrentar logo na fase de grupos, três ex-campeãs mundiais: Uruguai, Itália e Inglaterra.



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